Pessoas entram e saem de nossa vida, o tempo todo. Tudo no seu tempo devido, apesar de nem sempre termos consciência deste fenômeno. Algumas deixam marcas dolorosas, feridas que custam a cicatrizar. Outras nos elevam, auxiliam, fornecem-nos diretrizes importantes para nos conduzirmos. Alguns desses seus atos são voluntários, outros, direcionados pelo processo evolutivo que nos amalgama a todos numa mesma massa crítica, que se aprimora cada vez mais, enquanto se sucedem, nessa imensa sala de aula, as matérias, os mestres, as turmas.
Cada um que chega, entretanto, é compatível com nossas necessidades atuais, com o que precisamos aprender no momento e com a pedagogia melhor ajustada ao nosso caráter de aprendiz mais ou menos receptivo. Assim, afinizamo-nos ou desafinizamo-nos, conforme o processo provoca em nós transformações intelectuais e morais. Uns permanecem, outros vão embora, mas o curso prossegue e as turmas são compostas por alunos cada vez mais comprometidos com objetivos afins.
Têm-me chegado à classe, neste momento, colegas muito interessantes. Com variações peculiares a cada um, são críticos, inteligentes, divertidos, mas, sem exceção, sujeitos que buscam o auto-conhecimento com uma tenacidade espantosa. Querem ser plenos e felizes, ao custo de muito esforço de auto-aperfeiçoamento. Mas esse esforço é exercido com alegria, não me parecendo pesar-lhes, fundamentalmente, nem um pouco. Aproveitando o pensamento de Walter Franco, compositor da época dos festivais, posso dizer que a analogia que melhor lhes cabe é a de instrumentos que se afinam "de dentro pra fora" e "de fora pra dentro". E isso atiça minha curiosidade. Como estou nessa sala de aulas? O que lhes tenho retribuído?
Destes amigos tenho recebido lições diárias importantíssimas. Cada olhar, palavra, aceno, piada ou reflexão, revelam-me dimensões de mim mesmo que antes não percebia. O que lhes ofereço? Não sei. Sei que deles recebo amizade, respeito, carinho, afeto, compassividade e até amor. Porém, isso não faz de mim alguém, por mérito, especial. Faz de mim um felizardo. Um aluno relapso com vários colegas de primeira linha, dignos dos maiores elogios.
Eu estou melhorando, graças à presença deles em minha vida. Vou me esforçar sempre e mais, para merecê-los. Espero mesmo merecê-los. Espero não ficar para trás. Quero-os comigo, o mais que puder.
A todos esses meus colegas de classe, um grande beijo e meu coração eternamente grato.