quarta-feira, janeiro 23, 2008

Serendipidade

Ando pelas ruas a catar idéias que sobrevoam os jardins dos passantes quais borboletas em busca do néctar que as nutra e perpetue. Empunho minha rede ao acaso e colho as que me escolhem, por um capricho que nunca lograrei explicar. E assim vou descobrindo a beleza por trás da realidade em volta, o conjunto de máscaras que adornam a verdade essencial da Natureza.
Ultimamente são muitas as que caem no filó tramado pela minha circuitaria neuronal, por livre e espontânea vontade. Habituado a elas, começo a voejar, timidamente, mas guardo em mim o sonho astuto de ser muito mais que um simples aprendiz. Então me preparo para o dia em que voaremos juntos, elas e eu. Totalmente entregues ao vórtice de um milhão delas, invadiremos “os apartamentos, cinemas e bares, esgotos e rios e lagos e mares, num rodopio de arrepiar”.
Mas, por enquanto, descoberta serendípica que sou (diriam os descrentes), engendro o que serei, de dentro do meu casulo.
Sairei logo mais.

PS: O acaso é um apelido de Deus.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Por Onde Andei?




PS: Importante no meu conjunto atual de reflexões. Não há razão nenhuma para deixar certas coisas para depois.

Espelhos

No fundo dos meus olhos há duas colunas de água refletidas, as mesmas que fito no céu, diante de mim, acima. Estão por desfazer-se, em breve, derretidas num pranto suave e arrebatador. Uma alegrará o solo da minha vila, a outra, o solo do meu coração. É preciso aliviar o céu, deixando-o livre à passagem dos pássaros e dos pensamentos que migram de um canto a outro, sem que saibamos de onde vêm ou para onde vão.
Então, pretendo sentar-me à varanda da minha casa e ver o espetáculo pluvial, com suas lágrimas encharcando a terra e repletando campos pedregosos em cujos quais as cicatrizes de secas emocionais abrem-se como gargantas túrgidas a espreitar os incautos passantes e esquizóides. Quero também inalar o perfume suave do alívio e ver passar as moças “as bilhas à cabeça” e pés descalços, cantarolando a alegria como se os anjos mais canoros do Céu se lhes houvessem instalado na garganta, quais hóspedes sempre bem-vindos e aguardados.
Depois, quererei abrir a camisa e expor meu coração ao vento forte e às últimas gotas que o firmamento precipite sobre mim. Braços abertos e olhos rumo ao alto, ficarei no centro de tudo. Minha imagem se entranhará na retina do Universo que, do alto e além de mim, refletirá tudo aquilo que em verdade sou.

O mesmo Universo que o meu olhar reflete agora.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Basta A Cada Dia O Seu Mal

“A morte de todo homem diminui-me, porque faço parte da Humanidade.” (Albert Schweitzer )



Daniel fez sua prova da OAB ontem, em Ilhéus. Certamente sonhava passar. Talvez tenha passado. Certamente nutria sonhos que dependiam desse rito de passagem à nova realidade profissional. Eu não o conheci. Não o conheço. Só sei que, ontem mesmo, à noite, quando seus colegas voltavam para suas casas, aqui em Vitória da Conquista, toparam no caminho com um incêndio, o incêndio que matou Daniel e sua esposa. Acidente de mais um carro que se converteu em pira de sacrifício cuja tocha não consegue sensibilizar ninguém capaz de deter essa guerra civil que é o trânsito brasileiro.
Achei a história de uma indescritível tristeza. Não pelo desaparecimento trágico. A Morte, essa camareira soturna e enigmática, apenas nos avisa ser chegada a hora de retirar o figurino, ir para o camarim e esperar a próxima cena dessa imensa peça que é a existência, como faria todo profissional consciente e responsável. Lamento, isto sim, pelo que talvez se calou. E pelo que se cala sempre, em mim, em você, em todos nós.
No carro estavam Daniel e sua esposa, unidos no último momento. O que conversaram? O que disseram um ao outro, um pouco antes? Sorriram? Choraram? Não interessa. Nunca vai nos interessar, mas só a eles. Mas, sinceramente, espero que tenham se olhado no último instante e encontrado, um no outro, a certeza perpétua de um Amor que valeu a pena viver até os estertores dessa vida e firmar prosseguimento, além dela. Espero que nunca tenham calado suas inquietações mútuas, que nunca tenham omitido nada um do outro, que se tenham entregado um ao outro, nos atritos e nos diálogos, nos abraços ou nas discussões, com todo o fervor de suas almas, ora sob o olhar vigilante, e na palma da mão serena, do Criador. E que Ele, Causa de tudo que existe, e que não ouso questionar, os guarde em sua Paz.

Na verdade, não espero nada. Apenas sinto.
Faço parte da Humanidade.
PS: Que tenham valido a Daniel e sua esposa todos esses anos de suor, esforço e dedicação à causa pessoal de todo ser humano de viver, amar e aperfeiçoar-se.

terça-feira, janeiro 15, 2008

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Mais Reflexões

A autonomia é uma característica importante. Não depender de ninguém para ser feliz. Não confiar nos outros. Não desconfiar dos outros. Não nos confiar, incondicionalmente, aos outros. Viver, simplesmente. Os tratos e contratos humanos têm sido escritos em letras voláteis, que qualquer brisa desafiadora consegue apagar. E não podemos ficar à mercê disso. Portanto, o negócio é estabelecer contratos, os fundamentais, consigo mesmo. E com mais ninguém.
Livrar-se do que não presta; eliminar todos os miasmas de situações mal-resolvidas; relegar as pessoas ao seu espaço privado, se assim a elas melhor aprouver; eleger novas metas; cumprir metas antigas; não lastimar as ruínas, de toda e qualquer coisa, que vão surgindo pelo caminho; agradecer o aprendizado de cada situação ocorrente; ser autêntico em pensamentos, atos, palavras, de modo a não trair os sentimentos e a razão; atolar-se até o pescoço na solução dos problemas incômodos.


A busca da plenitude envolve mesmo algum serviço sujo. Mas o que resta depois de toda a exaustão da longa caminhada empreendida vale cada gota de suor derramado.

E, neste 2008, estou mesmo MUITO INTERESSADO em praticar tudo isso.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Reflexões

Começo 2008 reflexivo. Ocupado com decisões importantes. Decisões que terão forte impacto sobre minha vida. Convém silenciar, pensar e realizar corretamente. Não haverá outra oportunidade para evitar o atraso do que preciso aprender.


Felicidade é fruto da consciência desperta!