domingo, dezembro 31, 2006

Retrospectiva II

Eu não entendo o tempo como um abrir e fechar de ciclos. Assim eu entendo os eventos. Tempo, para mim, é consciência. Conforme a consciência percebe, conforme é o tempo. Se penso num acontecimento passado, atualizando-o através da memória, ele se torna presente, real em minhas vivências íntimas. E segundo essas vivências é que transformo o mundo em que estou, é que o concretizo. Criamos o mundo ao percebê-lo – afirmam alguns cientistas e filósofos, baseados nos paradoxos da mecânica quântica. E é por isso que penso os anos, os meses, os dias numa perspectiva de continuidade, embora nem sempre esteja consciente disso. Busco, entretanto, essa compreensão; quero, atualmente, sentir a existência.
Não tenho euforia relacionada à transição dos anos. Para mim, as coisas mudam na medida exata da transformação da consciência – e esta não muda da noite para o dia. É uma transformação contínua que dura uma eternidade (aproveito e afirmo: sou espírita e reencarnacionista, daí...). Contudo, não me custa agradecer às pessoas que visitaram este blog durante o ano de 2006.
Conheci muitos amigos e pessoas interessantes, graças a esta atividade. Pude ofertar-lhes humildemente um pouco de mim e deles obtive riquíssimos comentários, que me auxiliaram a compreender parte de minha intimidade denunciada pelos textos. Foi um exercício interessante, uma das melhores coisas que fiz a meu favor neste 2006, e que pretendo continuar. Diverti-me, emocionei-me, ri, chorei, pensei, existi um pouco mais – e agora, ao lembrar disso tudo, divirto-me, emociono-me, rio, choro, penso, compreendo. Desejo que a minha centena de três ou quatro leitores sinta esse mesmo efeito. Desejo que se compreendam melhor, compreendam melhor os outros e o ambiente em que estão e do qual participam.
Obrigado, cordialmente, a todos. Sejam felizes! E essa felicidade seja a duradoura e perfeita de terem uma consciência sempre desperta.

Beijos!

sábado, dezembro 23, 2006

Para Mim, Em Tudo, Inefável



Ele.




O que mais dizer...?

Retrospectiva I

Eu devo a este 2006 alguns aprendizados importantes. Aprendi:

A dizer NÃO (assim mesmo, em caixa alta), sem medo de ser feliz;
A não acreditar em tudo que ouço ou leio, principalmente sobre mim;
A não me enlamear com as críticas maldosas, nem me pavonear com os elogios baratos;
A perceber uma inominável violência oculta na delicadeza de muita gente;
Que o trato cauteloso com as palavras e sentimentos alheios é privilégio de poucos;
Que cada um defende o seu, mas nem por isso estou disposto a ser egoísta e conformado;
Que procrastinação tem cura – e que eu a estou conseguindo;
Que muita gente me ama, de verdade - e que muita gente tem razões de sobra para me odiar;
Que nem todas as razões são sábias;
Que muita gente me encara como uma mulher barbada de circo, um anão de duas cabeças ou uma esfinge ambulante – e isso, às vezes, me incomoda muito;
Que encaro muitos como personagens saídos de " The Twilight Zone" - e que isso não me dói nem um pouco;
Que entramos e saímos uns da vida dos outros, respeitosamente, às vezes; muitas vezes, como quem pisa de coturno o solo sagrado de um ashram;
Que minha palavra tem peso, mas minhas ações têm bem mais;
Que tudo, no final, vira éter...

... Mas o éter durará para sempre!

terça-feira, dezembro 19, 2006

Assim Caminha a Humanidade

Sempre me é difícil compreender como pude sobreviver até hoje sem algumas informações veiculadas pela Imprensa, demonstrativas da ocupação laboriosa e estafante desses paladinos da informação, que são os repórteres especialistas em colunas sociais e celebridades. O site Terra, por exemplo, apresentou a terrível notícia do esvaziamento do pneu da bicicleta da atriz Alessandra Negrini, durante um passeio no Leblon, no final da tarde de terça-feira, dia 13/12/2006. O assunto também foi comentado no fleumático "Kibeloco".
Essa notícia é de alta relevância, porque recrudesce o debate sobre as ações antidumping contra a Repúlica Popular da China (RPC), tendo como objeto pneumáticos importados daquele País, conforme consta da Circular nº 74, de 31 de outubro de 2006, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, publicada no D.O.U., de 03 de novembro de 2006. Isso desde que o pneumático em questão seja convencional, e não de kevlar ou hiten, porque estes, por apresentarem um desempenho muito superior, devido à tecnologia aplicada na sua confecção, não sofrem o efeito das referidas ações, que têm por função proteger o mercado interno.
Mas e se o pneu furado da bicicleta de Alessandra Negrini for de kevlar ou hiten produzido na RPC? Estamos nos referindo a uma celebridade! E se ela tivesse arranhado aquelas pernas de Engraçadinha que ainda ostenta? E se tivesse alterado sua plástica numa indesejável (e injusta, por Deus!) colisão com o solo asfáltico e estragasse seu sorriso perfeito, ficando à margem da sorridente população brasileira? Tudo por conta de um maldito produto que promete, mas não cumpre! Para mim, já seria motivo para um embargo comercial! Pensemos no que seria de nós se essa notícia não viesse a público! Quem poderia ser a próxima - e incauta - vítima? Giselle Bündchen, Xuxa, Chiquinho Scarpa?
Enquanto isso, perdemos tempo discutindo o aumento do salário dos deputados (Qual é o problema nisso, gente? Os coitados já não agüentam mais tanto arrocho!); o Millenium Project da ONU e os 8.600 estádios do Maracanã que se pode encher com os famintos do mundo (segundo minhas contas, baseadas no mesmo documento); a mortalidade materna na África Subsaariana; a relevância epistemológica do Raciocínio Complexo de Edgar Morin; o conflito: palestinos vs. israelenses, essas “coisinhas miúdas”.
Querem saber? Sou culto e tenho mais o que fazer. Fiquem aí discutindo essa porcaria toda, que vou ali saber na Caras como vai o namoro da Daniella Cicarelli com o Renato Malzoni Filho.

sábado, dezembro 09, 2006

Criptomnésia

Perdi um texto, hoje pela manhã. Ele era promissor, lindo mesmo, mas se foi. Esmaeceu aos poucos, evadindo-se de minha memória, calma e decisivamente. Ficou-me apenas parte do enlevo que senti, ao ler, na tela da minha mente, sua primeira frase – que nem mesmo sei mais. Quem o pariu: a reestruturação cognitiva, organizando conteúdos de ontem? Uma inspiração, um insight? Ou teria sido o sopro fugidio de uma Musa vinda do Olimpo, e que resolveu partir ao perceber que preferi dormir um pouco mais, ao invés de registrar a mensagem que me trouxe? Não sei.
Só sei que, enquanto escrevo, percebo já serem 00:10 h (considerem aí o fuso-horário do blogspot) do dia 10 de dezembro de 2006, portanto o dia seguinte ao fato. E, por mais eu tente mergulhar na minha intimidade neuronal, buscando, no oceano do inconsciente, vestígios da idéia, do sentimento e dos signos materiais que o compunham, só me deparo com o nada e nada mais. Pena não ter tido forças para levantar-me e buscar um papel e uma caneta ou lápis que o pudesse registrar.
Costumo, por outras razões, imaginava eu, dormir com esses utensílios por perto e várias vezes escrevi rascunhos, anotações inacabadas, graças a esse recurso. Porém, dessa vez, fui pego na tarefa sem o devido equipamento e o resultado é esse acidente de trabalho terrível para um aprendiz de escritor medíocre, que é essa maldita invisibilidade encobrindo tudo.
Ou será que criei um bloqueio moral para reverter um possível efeito criptomnésico, evitando um plágio inconsciente?
Ah, CANSEI!