Tudo morre.
Estou morrendo. Aos poucos, a persona se desprende de meu rosto, agora seminu. Tentei repô-la, mas ela não quer ficar mais. Abandona-me, lenta e dignamente. O que parecia ser verdade absoluta escorre entre meus dedos surpresos, diante do inexorável fato dessa morte anunciada. Não percebera antes. Estava cego e fatigado. Acostumado ao clima de meus ácidos humores. Aos meus gestos muitas vezes bruscos. Às chispas de fogo em meus olhos rubros.
Aos poucos, o palco vai ficando vazio, deixando na platéia impressão nenhuma. Ninguém tem visto o caminhar silencioso da persona em direção aos bastidores. Ninguém a viu em visitação mais constante aos camarins ou percebeu a não-freqüência de suas cenas. Nenhum ouvido registrou o seu silenciar ininterrupto, o interromper incessante de sua voz. O misoneísmo do público só vê e ouve o que quer. Porém, tudo morre. E toda morte começa na intenção.
Em algum dia, decidi morrer, só não sei quando. Em algum dia, arbitrei não ser misoneísta e decretei minha fatal sentença. Fui assimilando idéias novas, aspirando ares leves, avançando para além do abismo e, em contínuo movimento autopoiético, engendrei este ser aqui dentro em gestação. E ele, tal qual a máscara que se evade, discreta, irrompe, com silenciosa eloqüência, rasgando o meu silêncio ao mais nobre sentimento: o AMOR.
Ainda cauteloso, começo a amar e amar muito, cada ente, inteligente e nem tanto. Cada coisa que olho, reverente. Cada partícula que invade o meu sensório. Cada nota que tange a minha alma. Cada sussurro da Natureza em minha pele. Cada palavra, cada gesto, cada dor.
Agora entendo: o misoneísmo é uma porta, o Amor, sua chave. Do outro lado e aqui, Deus...
...Na intimidade de todas as coisas.
Tudo vive.
Estou morrendo. Aos poucos, a persona se desprende de meu rosto, agora seminu. Tentei repô-la, mas ela não quer ficar mais. Abandona-me, lenta e dignamente. O que parecia ser verdade absoluta escorre entre meus dedos surpresos, diante do inexorável fato dessa morte anunciada. Não percebera antes. Estava cego e fatigado. Acostumado ao clima de meus ácidos humores. Aos meus gestos muitas vezes bruscos. Às chispas de fogo em meus olhos rubros.
Aos poucos, o palco vai ficando vazio, deixando na platéia impressão nenhuma. Ninguém tem visto o caminhar silencioso da persona em direção aos bastidores. Ninguém a viu em visitação mais constante aos camarins ou percebeu a não-freqüência de suas cenas. Nenhum ouvido registrou o seu silenciar ininterrupto, o interromper incessante de sua voz. O misoneísmo do público só vê e ouve o que quer. Porém, tudo morre. E toda morte começa na intenção.
Em algum dia, decidi morrer, só não sei quando. Em algum dia, arbitrei não ser misoneísta e decretei minha fatal sentença. Fui assimilando idéias novas, aspirando ares leves, avançando para além do abismo e, em contínuo movimento autopoiético, engendrei este ser aqui dentro em gestação. E ele, tal qual a máscara que se evade, discreta, irrompe, com silenciosa eloqüência, rasgando o meu silêncio ao mais nobre sentimento: o AMOR.
Ainda cauteloso, começo a amar e amar muito, cada ente, inteligente e nem tanto. Cada coisa que olho, reverente. Cada partícula que invade o meu sensório. Cada nota que tange a minha alma. Cada sussurro da Natureza em minha pele. Cada palavra, cada gesto, cada dor.
Agora entendo: o misoneísmo é uma porta, o Amor, sua chave. Do outro lado e aqui, Deus...
...Na intimidade de todas as coisas.
Tudo vive.
5 comentários:
De tudo um pouco, ou, um pouco de tudo! Um ser de duas faces complexas! Um ser complexo de várias faces! Qualquer que seja o prisma que vislumbre a retina da razão, lá encontraremos porções generosas de filoneísmo e misoneísmo concedidas generosamente pelo Criador. Tais "condimentos" misturados a nossa vida com o equilíbrio devido, tornam muito mais saborosa a arte de VIVER e AMAR!
Muita Paz!
Suas palavras me encantaram não apenas pela beleza estética, mas pelas lágrimas que elas fizeram escorrer pelo papel. Deixar cair ao chão as notas desnecessárias por vezes é mais difícil do que compor a sonata. Minha reverência ao escritor que, tendo atentos e lúcidos os recursos da razão, é um menino... feliz e apaixonante.
A favor do vento, Ricardo...
Grande beijo!
Quando eu crescer quero ser inteligente assim!
Aprendi uma palavra nova, li coisas lindas e fiquei feliz de ter um amigo tão "porreta" nessa arte que é escrever bem. Porque hoje em dia todo mundo se mete a escrever... É tanta barbaridades nas prateleiras das livrarias atualmente... (!)
Mas não há de ser nada.
Mais uma vez, parabéns caro Ricky!
Adoro como você escreve. Reflete uma alma sincera em processo de aprendizado.
Saudades.
P.S. Nos veremos em breve!
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