quinta-feira, novembro 15, 2007

O Suor do Teu Rosto


Não existe maneira mais fácil de se decretar a morte de um blog do que deixar de atualizá-lo com freqüência. Afinal de contas, essa é a função de um diário: comportar os registros cotidianos do seu dono. Deixá-lo em branco é decretar a sua inutilidade, perda de identidade e morte (na mais completa indigência). No entanto, como o Teorias Umbilicais costuma relatar o dia-a-dia do seu autor de maneira sempre, ou quase sempre, metafórica, a multidão de dois ou três leitores não consegue ficar a par de determinados detalhes pessoais da criatura-criadora, que se refletem, por exemplo, nessa falta de assiduidade. A procrastinação é um deles.
Aqui ou ali, em um post ou noutro, ilustrei a ilustre companheira, direta ou indiretamente, procurando refletir sobre a raiz de tal comportamento. Inclusive, este blog surgiu com o intuito de me permitir dar vazão à minha intimidade, permitindo-me escoar emoções, sentimentos e pensamentos. É uma biblioteca sobre a minha consciência, ainda oclusa, conforme o próprio escrito em seu pórtico revela: "Minhas teorias sobre o mundo circundante visto pela minha janela embaçada". E o porquê da procrastinação há muito faz parte de minhas reflexões. Assim foi, até há alguns meses.
Percebi, finalmente, e graças a uma conversa elucidativa com meu amigo Artur (leiam o Grimorium, constante na minha lista de blogs - é ótimo!), ser mais importante descobrir como consolidei esse comportamento do que qual a razão que engendrou a procrastinação. Além da conversa, esclarecedora sobre o meu jeito esquizóide de ser (pelo menos quanto à procrastinação), algumas ilações acerca do Racionalismo, de Descartes, e do Empirismo britânico, de Jonh Locke, David Hume, Thomas Hobbes e outros, apresentando duas versões distintas sobre como o ser cognoscente aproxima-se do objeto do conhecimento, se pelo pensamento ou pela experiência, mostraram-me a necessidade de agir. Todavia, não só pensando nem só experimentando, mas estabelecendo uma relação dinâmica com as coisas, pondo-me a caminhar e querer provar os sabores e os saberes da vida! Percebi que a compreensão me virá pelo exercício, pelo fazer, pelo agir (arte e práxis, conforme o pensamento aristotélico).
Então, mesmo com as irritações características que meu corpo experimenta quando tenho de realizar qualquer trabalho intelectual - considerando o uso da palavra no nível modesto que me cabe -, vou partir para o trabalho. Minhas pernas ainda se agitarão, meus músculos ficarão tensos, algumas vezes chorarei (como já aconteceu várias vezes), mas não vou me privar do prazer de produzir (para desespero de meus detratores, que não possuo, dada a minha desimportância).
Desse remédio chamado Teorias Umbilicais tomarei doses cada vez maiores. Serão drágeas e mais drágeas de trabalho, alegria, paixão e amor! Amor pelo humilde ofício de escrever. De escrever por gostar.

Um comentário:

Unknown disse...

Oi, pessoa querida do meu coração... Adorei seu texto... Senti como se estivesse falando de mim, exceto a parte do dom para escrever... Persista!!! Seus textos fazem-nos muita falta! Beeeeeeeeijo!!!
Renata