terça-feira, março 11, 2008

Um Pouco Sobre Mim - Um Pouco Sobre A Morte

Não queria - e nem consegui - falar sobre a morte de minha irmã, Cristiane, ocorrida no último 27 de fevereiro, às 06:55 h. Tivemos, lado a lado, uma existência interessante, rica em acontecimentos, em dores pessoais compartilhadas, em conflitos há muito resolvidos. Ela é mais uma pessoa com a qual solucionei, vis à vis, problemas pessoais, e pude ir em frente, sem culpa.
Nos últimos anos éramos bons amigos, embora extremamente diferentes. O ponto convergente era - e é - o temperamento forte. Ela espontaneamente, eu, quando provocado. Não costumo deixar para depois nem atacar pelas costas. Só não sou direto quando percebo que a pessoa não vai suportar. Não cofundo assertividade, veracidade e autenticidade com falta de educação e grosseria. Apiedar-se das fraquezas humanas é nobre. Ao menos nisso quero ter nobreza de caráter. Mas voltemos à Morte e sua freqüentação recente ao meu entorno.
Muita coisa tem morrido em mim, como morre a semente de trigo para gerar a espiga, e essa mesma, a fim de gerar o pão; como morrem as lagartas; como morrem as estações; como morrem as idéias. Morreram pessoas, morreram gestos, morreram palavras, morreram sorrisos, mas também morreram lágrimas, acessos de ira, violência mal disfarçada, desculpas. Morreram "meu silêncio, meu medo da morte". Eu próprio morri.
Penso, e sou, hoje, bem diferente do que fui. As experiências tornaram-me melhor, com uma visão mais apurada das coisas, de alguns fatos humanos. Percebo-me mais apto, mais forte e mais feliz. Mais inteligente, porque mais moralizado.
Pensando assim, a morte não é nada prejudicial. Basta enxergar o essencial, "invisível aos olhos".

Pensando bem, a Morte também morreu.


Mas essa há bem mais tempo.

3 comentários:

Anônimo disse...

É preciso morrer, para que haja renascimento.
Existe tempo de morrer.
Existe tempo de viver.

Anônimo disse...

Não consigo escrever sobre a morte, e talvez nunca consiga. talvez por encarar sempre como uma perda, mesmo sabendo que vem acompanada de um profundo aprendizado.
Eu sinto que a morte representa vários pontos de reticências no meio da vida, tanto de quem parte, quanto de quem fica. Por isso só me atrevo a escrever sobre a saudade, que considero uma dor mais suportável, mas não menos dolorida.

Anônimo disse...

Também não acho a morte nada prejudicial. Nem essencialmente triste - embora nossa cultura assim nos ensine. Nem útil.

Prefiro pensar que não é a morte que leva alguém. Nós é que vamos, assim como um dia viemos.

...

Arrepiei-me com o texto.